sexta-feira, 3 de julho de 2009

Fazendo espetáculo

Talvez seja polêmico o que vou dizer. Talvez não tenha a mínima importância. Talvez uns gostem. Quem sabe a maioria não goste. Sei lá. Mas tenho vontade mais uma vez de dizer essas coisas.
Nossos meios de comunicação são de uma pobreza assustadora. Quando acontece um desastre, é só disso que sabem falar. Não conseguem falar e mostrar outra coisa. Ficam levantando hipóteses, consultando gente desqualificada para opinar e tudo vale. Tudo vale para dar audiência. Tenho pena dos que são vítimas de desastres, tantas são as desinformações e hipóteses espetaculares que se levantam. Quanto mais espetacular, mais eles se sentem prestando serviço. Que desserviço!!!
Fico me imaginando na pele desses que precisam de respostas e não de suposições. Fico imaginando o que não passa na cabeça, além de tudo que já está passando, quando amigos e parentes de vítimas de acidentes têm de escutar tantos “Dapenas” arrogantemente falando tanta bobagem e achando que estão prestando serviço.
Lembro de um avião que caiu no Brasil, tempo atrás, onde quiseram até culpar o Presidente da República. Lembram? Agora vão culpar o Presidente da França? Talvez alguns metidos a profissionais da comunicação deveriam mesmo era fazer alguma coisa que sabem fazer. Se é que sabem.
Dar a notícia, informações é uma coisa. Fazer espetáculo com a notícia é brincar com o sentimento das pessoas. Entendo que esse negócio de ficar o dia inteiro noticiando a mesma coisa quando não aparece algo consistente prá dizer, é pura exploração barata de sentimentos alheios.
Por aqui em nosso meio também existem essas trevas. Trevas que não trazem nenhuma luz para os fatos locais. Mentiras, invenções, suposições, baixarias valem para confundir. Que pobreza! Que desperdício de papel. Se essas folhas de papel de desinformações ficassem em forma de árvore na natureza, seriam bem mais úteis.
A queda do avião com tantas mortes merece destaque na mídia, mas não precisa de exploração do acontecimento que por si só já mostra sua dimensão.
Por outro lado, talvez devêssemos fazer também a seguinte reflexão: Quando um avião cai, mata muita gente no mesmo local e ao mesmo tempo. Mas também não é menos grave, por exemplo, a gente pensar no trânsito de nossa cidade que vai matando a conta gotas tanta gente. Se juntarmos todos os mortos na nossa cidade e colocássemos todos juntos, corresponderiam à queda de muitos aviões.
Entendo que deveríamos nos chocar com as mortes que vão acontecendo silenciosamente em nosso meio e não precisássemos nos assustar somente quando morre muita gente ao mesmo tempo. Parece que vamos perdendo a sensibilidade e já não nos importamos mais com “pouca coisa”. Esquecemos que, independentemente do número, lidamos, falamos, choramos ou nos omitimos diante das vidas que vão se perdendo.
A “Carreata pela Paz”, fruto do esforço de muita gente, mostrou ser um belo início. Esse evento precisa ser reinventado sempre sob as mais variadas formas para sensibilizar cada vez mais a comunidade brusquense.
Se de um lado assistimos essa mídia nacional e internacional, muitas vezes fazendo o que vínhamos refletindo no início desse artigo, em nível local os jornais, rádios e televisões deram uma cobertura belíssima na carreata e abriram seus espaços para que a comunidade pense sobre as ações necessárias e como cada um pode contribuir para humanizar o trânsito na nossa cidade. Isso sim é serviço!!
Insisto que poderíamos ocupar mais nossas páginas, nossas microfones e câmeras para divulgar, salientar, alimentar ações, gestos, iniciativas sadias que influenciassem, que animassem as pessoas a fazer o mesmo. Entendo que precisamos muito disso. Os meios de comunicação tem esse importante papel.
Há muitos aviões caindo, mortes acontecendo. Mas também há muitas coisas bonitas acontecendo. Muitas vidas sendo bem vividas. Muitos profissionais sendo bons profissionais. Muita gente fazendo ações que dignificam o ser humano.

Valmir Coelho Ludvig

Um comentário:

Anônimo disse...

Todos, ou quase todos de nós sabemos.
"Eles" estão apenas fazendo seus espetáculos. Juntando seus espectadores. E, assim caminha a "humanidade".
Sem isso "eles" não geram suas riquezas. E, a humanidade que caminha.
Caminha na "lama", na ignorância.
Caminha em desfavor da Vida, caminha em desfavor de si mesmo.
Indo...

Cabral