sábado, 18 de julho de 2009

Paz

Difícil entender que alguém transforme um jogo de futebol em guerra e carnificina. Por mais esforço que a gente faça, fica não menos difícil compreender que pela internet as torcidas combinem o local da briga. Briga que resulta em sangue e morte.
Parece que não evoluímos.
Isso me faz lembrar uma situação quando era criança, onde os maiorzinhos que a gente combinavam as brigas atrás do muro do cemitério com torcida organizada e tudo. Nunca fui adepto dessa idiotice que resultava em pancadarias sérias, lesões e desuniam cada vez mais as turmas. Mesmo que eu quisesse, minha constituição física também não era das melhores para entrar nesse jogo que valia tudo. Vi cenas lastimáveis, onde alguns fraquinhos sonhavam em derrotar os brutamontes e apanhavam. Só não morriam porque tinha ainda alguns dos “deixa disso” que colocavam um fim na selvageria. Essas criaturinhas, monstrinhos desde pequenos crescem e depois são os mesmos que nos estádios e nas proximidades deles fazem esses belos estragos.
Hoje digo sempre para a criançada e juventude que o que somos hoje vamos ser amanhã, piorados ou melhorados. Claro que sempre podemos mudar, mas se deixarmos as coisas andarem quando elas caminham pela trilha da violência, mais tarde seremos apenas ainda mais violentos. Pais que encorajam seus filhos para serem “machões” estão colocando os filhos em risco. Um dia encontram alguém que teve o mesmo incentivo e a guerra está pronta para explodir para ver quem manda no pedaço.
Temos assistido dentro dos campos de futebol cenas ridículas onde juízes são criminosos ao não expulsarem jogadores que praticam atos violentíssimos, atos esses que incentivam as torcidas a fazerem o mesmo, resultando num festival de pancadaria de dar inveja às guerras da antiguidade. Jogadores que praticam atos de violência nos gramados entram com advogados e continuam jogando normalmente transformando em multas os crimes que cometeram contra um colega de profissão e contra toda uma torcida que pagou prá ver futebol e não luta livre. Lamentável isso!
Nossas autoridades do mundo desportivo, com medo de perder renda, dinheiro, prestígio e para garantir suas eternas eleições para o cargo, fazem vista grossa e arrumam desculpas para não enfrentarem tão grave situação. Tem zagueiros que são verdadeiros assassinos. Basta um drible e o atacante está sujeito a levar cusparada, butinada e todo tipo de rasteira. Se reclamar o juiz põe para a rua.
Acredito que é preciso educar para a paz desde criança. Tenho assistido algumas partidas da criançada e fico assustado com o nível de violência. O que é pior: muitas vezes, incentivado pelo técnico que para não perder uma partida coloca um jogador especialmente “orientado” para machucar o melhor do outro time para facilitar a vitória. Isso acontece!!
Esse mundão do vale tudo proporciona essas situações indecentes. Nossa tarefa é quebrar essa maldita lógica que impede o nascimento de bons jogadores. Impede a possibilidade da alegria das torcidas. Transforma o futebol em guerra.
Também devemos dizer aqui que alguns jogadores ganhando a fortuna que ganham, colaboram com o movimento de muito dinheiro ganho de forma duvidosa. Isso também colabora com a indecência que ronda o futebol.
É preciso ver o lado bonito do esporte também como um direito. A prática do esporte deveria ser facilitada para todos e os que quisessem poderiam buscar o profissionalismo. Se enchêssemos nossas cidades com espaços para a prática do esporte, com certeza estaríamos colaborando com a diminuição de tantos males que afetam nossa criançada e juventude. Poderíamos, com muita orientação, diminuir a violência em todos os espaços. Nas praças, nas escolas, nos estádios, nas ruas, teríamos muito mais paz.
Com toda a certeza a internet não seria espaço para combinar brigas, mas espaço para combinar locais de encontro para jogar, ir ao cinema, abrir a escola nos finais de semana. Com certeza ocuparíamos todos os espaços para incentivar a cultura da paz.

Valmir Coelho Ludvig

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do texto.
Acredito que o esporte é um boa maneira de educação, respeito, amizade.
Que pode transformar as pessoas e, suas vidas.
A disciplina que há no esporte pode ajudar e muito em nossas escolhas, sejam elas profissionais, pessoais e sociais.
Valeu Valmir!
Abraço
Fernanda Cabral.

Valmir Ludvig disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Valmir Ludvig disse...



Infelizmente o esporte ainda é visto por muitos só como forma de se ganhar dinheiro.
Esporte como um direito das crianças e da juventude, parece ainda estar longe de ser entendido.
Por aqui, o Governo Municipal tenta lidar com o esporte também como direito.

Abraço

Valmir