terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ar leve (Artigo)

Tenho percebido em nossa cidade um ar diferente por todo lugar que vou. Parece um ar mais puro. Percebo menos truculência, mais serenidade nos diversos locais que tenho ido, nas muitas reuniões e nas diversas festas que tenho participado. Tenho escutado também de muita gente que muita coisa mudou ultimamente e que os vários ambientes estão mais leves. Que bom!
Poderia aqui fazer várias argumentações sobre as razões desse ar novo, mas penso que os que me lêem conseguem entender perfeitamente o que estou querendo dizer sem dizer abertamente para não ofender tantos que sustentaram tantas coisas que não queriam e tiveram de fazê-lo para garantir emprego e sossego. Embora talvez hoje tenham percebido o quanto de mal foi produzido nesse longo silêncio que vivemos por essas bandas.
Olhando para o nosso país, quanto mal se produziu com a ditadura. Muitos acham ruim quando se toca nesse velho assunto não resolvido, onde torturadores até hoje não sofreram nenhuma punição pelo mal que fizeram. Quanto mal se produziu e se produz em nossos municípios, quando personalidades fortes, autoritárias, truculentas pensam que estão acima de tudo e de todos.
Como é ruim perceber ainda no meio político tanta gente que não vê sua eleição como um serviço a ser prestado e não um espaço para fazer valer interesses próprios ou de grupos. Políticos que vêem em qualquer movimento, em qualquer manifestação um perigo, tratando de desqualificar rapidamente qualquer possibilidade de questionamentos.
O Brasil é outro. Está longe de ser o que queremos, mas não é mais o mesmo. A população começa a cobrar e não é mais qualquer fofoquinha que ganha eleição ou desestabiliza grupos e governos. Há muito que caminhar ainda, mas muitos passos já foram dados. Parece que tem gente que ainda não percebeu isso.
A população começa a ver o que cada um foi no passado. Quem no passado cometeu equívoco, a comunidade começa a cobrar. E só pode cobrar no presente, quem foi coerente no passado. Isso é bom! Quem grita no presente deve ter lutado no passado por aquilo que quer hoje. Percebemos muitas pessoas que só destruíram no passado, querendo aparecer agora exigindo o que nunca fizeram.
Na sociedade há uma disputa de visões e práticas. Cabe à população sempre escolher o que quer. Eleição é fruto dessa escolha. Escolha que pode ser acertada, pode trazer benefícios ou não. Pena que muitos que perdem eleição, falem em democracia mas não a respeitam. Qualquer manifestação contrária ao que acreditam, desqualificam a tudo e a todos.
Tenho sempre dito que vivemos uma pseudo-democracia. Estamos longe ainda de alcançar a democracia onde de fato o direito de todos seja respeitado. Há muita desigualdade nas representações. Ter eleições ainda não significa ter democracia. Muitos candidatos populares não alcançam cadeiras na Câmara de Vereadores, por exemplo, porque não tem a mínima estrutura para disputar uma eleição. Pior ainda é quando a comunidade não acredita num candidato que está mais próximo dela e busca “os engravatados” pensando que estes vão representá-la melhor. O que geralmente não acontece.
Essa leveza que a cidade passa atualmente deve ser concretizada em todos os momentos. Acredito que é possível uma eleição, mesmo com disputa de idéias, de projetos, ser uma eleição sem mentiras, truculências, confusão. Claro que não é algo simples, mas acredito que devemos cada dia mais caminhar para isso.
Só seremos verdadeiramente maduros, crescidos, equilibrados, quando conseguirmos brigar por idéias e não trazer as diferenças para o campo pessoal. Enquanto não fizermos isso, apenas fingimos que respeitamos. Fingimos que somos democráticos.
Acredito que fomos feitos para viver em harmonia. Harmonia não quer dizer tolerar tudo. Harmonia não é ausência de conflitos. Harmonia é buscar refletir, pensar todos os interesses e em conjunto decidir o que é melhor para a maioria, nunca deixando de respeitar o direito das minorias. Quando conseguirmos isso, nossa convivência, nossas vidas e a vida de todos serão bem mais leves.

Valmir Coelho Ludvig

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