domingo, 28 de junho de 2009

Desperdícios

Tenho dito sistematicamente nas escolas para as crianças, adolescentes e jovens o seguinte: quem joga meio lápis fora ou folhas brancas no lixo não ama a natureza. Muitas vezes temos o costume de estimular trabalhos sobre a natureza que ficam muito bonitos, mas no final do ano, todos jogam fora o material escolar e compram tudo novo no ano seguinte. Como se meio lápis, caneta com carga pela metade e folhas brancas dos cadernos já não servissem mais para nada.
Meio lápis escreve o mesmo que um lápis inteiro. Faz a mesma coisa. Mas no início do ano tudo tem de ser novinho, mesmo que não se aprenda nada.
As empresas inventam cada vez mais materiais atraentes. As crianças endoidam. Ficam ouriçadas com o apelo das cores, das variedades, como se isso fosse o mais importante. Preocupam-se com a casca e não com o conteúdo.
Custamos a convencer as crianças. Muitos pais também pensam assim. Querem muitas vezes o melhor caderno para os filhos e depois nem sabem direito o que se escreve dentro deles.
Fiz uma reflexão com uma criança que tinha meia borracha no final do ano. Se usou só a metade, sinal que a outra metade daria para mais um ano. Imagina numa escola de mil crianças se todas resolvessem trocar de borracha quando esta estivesse pela metade. Imaginou? É o que acontece na realidade.
Tenho falado também prá piazada e para a juventude que nenhum artista no final do ano joga seu material de pintura ou de desenho fora para trocar cada vez que acaba o ano. Tarefa difícil essa! Não é fácil para um pai, uma mãe, um professor criar outra mentalidade na cabeça desses meninos e meninas.
Imaginemos se todos os estudantes gastassem seu caderno até o fim. Seus lápis de cor até o toquinho. Falando em Toquinho, quantos “sol amarelo” daria prá pintar? Já pensamos o resultado positivo se todos os estudantes aproveitassem suas pastas e todos os materiais até acabar? Certamente o amor à natureza seria mais real. Talvez tivéssemos menos cartazes e menos papel e lixo no chão. Talvez tivéssemos mais preocupação com os desenhos e menos com o tamanho do lápis de cor. Com certeza muitas árvores estariam ajudando mais a gente ficando onde estão e não se transformando em papel que jogamos fora.
Cada final de ano é um desespero nas casas onde tem gente que estuda.
Tenho um costume de aproveitar sempre o lado branco da folha para o uso no computador. Entendo que poderíamos incentivar essa prática para evitar desperdícios.
Sempre dói muito ver no começo do ano os materiais de escola chegarem novinhos e saber que foi para o lixo muita coisa que ainda podia ser aproveitada. Ver penal e pasta em condições de uso serem desprezados.
O amor à natureza se expressa em atitudes que evitem o desperdício. Quando isso não ocorre, a hipocrisia vai tomando conta dos pequenos e das pequenas e cada vez mais fabricamos monstrinhos, depois monstrões que fazem apenas belos trabalhos, mas que desde pequenos vão ficando esses adultos descomprometidos com o meio ambiente.

Valmir Coelho Ludvig

4 comentários:

Unknown disse...

Grande Valmir:


Você está ficando muito chique e on-line, mas continua o mesmo guerreiro de sempre.
Agora, desperdício mesmo é usar o dinheiro público para pagar certas ""artimanhas" dos podres poderes.
De qualquer forma, parabéns pelo trabalho. Que Deus te abençoe.
Abraço fraterno:
Queco.

Unknown disse...

Olá Valmir, parabéns pelo seu Blog, gostei do seu artigo e me faz pensar o quanto a mídia influência uma sociedade. Somos como que enfeitiçados pelos mitos midiáticos e aí estão as propagandas para o consumo exagerado das coisas entre alas também, os materiais escolares. Para o mundo do consumo, a facilidade de conseguir é o sucesso do capitalismo. Me faz lembrar também um filósofo francês Guy Debord em seu livro A Sociedade do Espetáculo" que diz: "O importante não é ter. É parecer ter.
O importante não é ser. É parecer ser". Isso nos dá a idéia de liberdade,mas, na verdade, as pessoas estão alienadas por essa mentalidade. Eis aí o mundo do consumo e o mundo da aparência encanta-nos, não nos deixa entender o que de fato é a realidade. Um abraço. Prof. Rolimar

Valmir Ludvig disse...

Queco - Lembro muito de nossas conversas. Elas me dão força até hoje. Devia ter te respondido antes, mas a correria grande e para aprender a lidar com a modernidade eu demoro um pouquinho. Acabei de descobrir "os botões" certos para "domar" a máquina, por isso o atraso. Um dia te explico essa confusão mentalógica( mental + tecnológica.)
Felipe Guru Belotto é o meu guru nessa caminhada. É paciente para lidar com a "terceira, quarta ou seria quinta idade?". Chego lá!!

Abraço

Valmir

Valmir Ludvig disse...

Rolimar

Como educadores estamos sempre com desafios. Como lidar com esse mundão de (des)informações? Como saber o que é verdadeiro, o que é plantado, que interesses tem nas notícias? Baita desafio para os educadores que também precisam de muito discernimento tanto para lidar com essas informações, como para refletir com as crianças, adolescentes e juventude sobre esse tema.

Sempre que puderes manda teus comentários, opinião.


Abraço

Valmir