quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Discurso: Homenagem aos Cidadaõs Honorários

Na íntegra o discurso que proferi na Câmara de Vereadores na noite de 03/08 em Homenagem aos cinco Cidadãos Honorários do Sesquicentenário de nossa cidade.

Obrigado aos companheiros vereadores que me escolheram para os representar nesta noite histórica da Comemoração dos 150 anos de nosso município que concede o Título de Cidadão Honorário a cinco cidadãos que por algum motivo escolheram nossa terra para viver.

Em nome da Casa, nossos cumprimentos a todos os homenageados, extensivos as suas esposas e esposos, filhos, filhas, noras, genros e netos.


Salve Brusque!


Por essas terras viviam os indígenas. Pequenas embarcações começaram a invadir esse novo chão para uns e velha habitação de outros.
Em 4 de agosto de 1860, 55 colonos alemães chegaram à nossa região. Essa chegada e outras tantas como as dos ingleses, italianos, poloneses, norte-americanos, irlandeses e outros tantos povos provocaram mudanças, conflitos, realizações, crescimento e problemas diversos como em qualquer canto do mundo onde se esbarram diversas culturas com seus costumes, desejos e sonhos.
Motivações diversas construíram nossa bela e diversificada história: a política do governo do império brasileiro, com a promessa de alimentação, assistência médica, venda dos lotes a preços acessíveis, ferramentas e sementes, foram atraindo povos de várias regiões de outros continentes. A instabilidade econômica na Alemanha e na Europa motivaram também a aventura de muita gente. Fugitivos de guerras e conflitos, ex-soldados, trabalhadores que construíram ferrovias e mineradores fizeram parte de muitos que aqui aportaram em busca de melhores dias.
Fugas, promessas, sonhos e aventuras foram juntando gente de todas as partes para a construção que continua até nossos tempos com a vinda de gaúchos, paranaenses, baianos, nordestinos e pessoas de todas as regiões de nosso país, de países vizinhos e distantes, trazendo e misturando-se às culturas aqui já estabelecidas. Nossos vizinhos mais próximos: Botuverá e Guabiruba também são partes integrantes de nossos feitos. Culturas diversas que propiciam riquezas e desafiam a quebra dos preconceitos quando há choque de povos vindos de costumes diferentes.
Depois de muitos sofrimentos, de muitas enchentes, de muitos “amontoamentos de gente”, lotes impróprios para o cultivo, fome, retorno à terra de origem, luta por sobrevivência, economia baseada nos engenhos de farinha e açúcar, atafonas, manufatura de charutos, produção de banha e cachaça, exploração da madeira e outras atividades agrícolas, pastoris e de exploração foi se formando a nossa bela cidade. Lavoura, industrialização têxtil (registramos aqui os tecelões de Lodz, que o Padre Botânico Padre Raulino Reitz imortalizou a expressão “Brusque, Berço da Fiação catarinense” e a formação da classe operária na organização dos sindicatos) , indústria metalúrgica e metal mecânica, confecções, postos de pronta-entrega, Centros Comerciais, Shoppings foram construindo nossa caminhada desde Vicente Só até hoje.
Nessa história foram sendo registrados vários nomes de pessoas: Maximilian von Schneéburg,Francisco Carlos de Araújo Brusque, Barzillar Cotle, Elpídio de Melo e Dr. Blumenau. Pedro Werner, ao lado de Franz Salenthien e Paul Kelner, todos proprietários de engenhos, eram os principais latifundiários. Mais: João Rodrigues Chaves, os coronéis Krieger, Renaux e Lauritzen (fabricante da Cerveja “Brasil”). As famílias Renaux, Hoepcke, Klappoth, Buettner, Bauer, Tietzmann, Walendowsky e todas as famílias que foram aqui se estabelecendo. Juntando-se hoje: Alonso Moro Torres, Antonio Walter Mariani, José Carlos Loos, Luiz Elias Valle e Winiton Maluche.
Ficaram registrados nos anais de nossa Brusque nomes como: Colônia Itajahy, Freguesia São Luiz Gonzaga, Itajaí Mirim, Praça Vicente Só, Príncipe D. Pedro e muitos outros que foram tecendo a Brusque de hoje. Município que teve sua instalação a 8 de julho de 1883, com a tomada de posse dos primeiros vereadores que nesse período administravam o município.
No futebol profissional, Renaux e Paysandú, (e atualmente o Brusque Futebol Clube) na prática do tiro ao alvo, nos jogos abertos poliesportivo do idealizador, o saudoso Arthur Schlösser, Brusque lega iniciativas marcantes para Santa Catarina em sua bela trajetória.
Em nível local destacam-se também o futebol amador que movimenta os quatro cantos de nossa cidade.
A fé, foi sempre fonte motivadora e encorajadora da caminhada desses laboriosos povos. A Igreja Católica, Evangélica Luterana e Adventista estiveram muito presentes no seu dia a dia. Fé que acompanha a comunidade brusquense com a chegada de tantas outras manifestações religiosas que se esforçam atualmente em se unirem na construção de uma cidade fraterna.
Na cultura destacamos o Schützenverein, centro cultural, desportivo e social durante décadas. Augusto Maluche dirigiu a primeira banda dessas bandas. Lembrando esses dois expoentes artísticos, destacamos todos os artistas que fazem parte do caminho de tons, sons e traços que enveredam a animar nossos corações.
Instituições como Senai, Senac, Sesc, Lions, Rotary, CDL, ACIBr, OAB, CEAB, Instituições de Ensino Superior (Unifebe, Assevim, Energia), Feliciano Pires, o pioneiro na área pública, qualificam nossa população e a preparam diuturnamente para o conhecimento, para o exercício da profissão, para o lazer, para o esporte.
Empreendedores de toda ordem fazem de Brusque um celeiro de iniciativas na criação de alternativas variadas para os que aqui vivem buscarem o emprego, o pão, a cidadania.
Tenho certeza que muitos acontecimentos, grupos, pessoas aqui nessa noite podem não ter sido lembradas. Quem sabe outros fatos mais importantes poderiam ter aqui sido citados. Quem sabe se outro tivesse aqui falando, registraria e daria importância a outros acontecimentos. Outras citações seriam oferecidas. Mas é exatamente nisso que reside a riqueza de nossa história que sempre corre os riscos que corremos ao citar uns e omitir outros fatos e outros nomes. Mesmo assim a história não deixa de ser fascinante.

(Improviso: a) indicação de novos nomes; b) anônimos que vão ser lembrados ainda; ) Cantorinho, Mário Vinotti; d) Um minuto de silêncio para lembrar pessoas, grupos e acontecimentos; e) agradecimento )

Hoje homenageamos cinco cidadãos de nossa cidade. Uns já bem conhecidos por seus feitos. Outros talvez com feitos importantes do cotidiano e não registrados. Não importa! O que vale é que a exemplo desses cinco homenageados de hoje, em meio à nossa família brusquense há muitos atos, ações, vidas que merecem também estar registrados na nossa história. Mas, esses registros, se não vão para os livros, para as homenagens oficiais como as desta noite, certamente estarão gravados nos corações e mentes dos familiares, dos amigos, daqueles que conviveram com cada um dos praticantes dessas ações.
O cidadão honorário não é nascido em nossa cidade mas aqui viveu e prestou um serviço em nossa comunidade. Com certeza o deslocamento, a saída de uma terra para outra, nem sempre é feita de forma prazerosa, tranqüila. Saímos sempre em busca de algo melhor para as nossas vidas. Uns se deslocam para melhorar o salário, outros em busca de emprego, outros por motivos amorosos. Sempre em busca de uma vida melhor, a exemplo dos que chegaram há 150 anos. Ontem, como hoje, em busca de realização de sonhos.
Hoje chegam todos os dias pessoas oriundas de todas as partes de nosso país buscando nos termos bíblicos “uma terra onde corre leite e mel”. Sempre estamos em busca dessa vida!
Com certeza não foi diferente com Alonso, Antonio Walter, José Carlos, Luiz Elias e Winiton.
Nesta homenagem aos cinco cidadãos que escolhemos: Com o senhor Alonso, queremos homenagear a todos os que cuidam de nossa segurança; Com Antonio Walter (o Toninho), parabenizar a todos os nossos servidores públicos; Nossa homenagem aos que ajudaram a construir nossas tecelagens e metalúrgicas na figura do senhor José Carlos; através do senhor Luiz Elias, aos que labutam na educação de nosso povo; e finalmente com o senhor Winiton, queremos lembrar dos que defenderam e defendem a nossa pátria, aos que são capazes de doar bens para o bem coletivo.
Estendemos nossa homenagem e parabéns ainda a todos os trabalhadores, sindicalistas, empresários, profissionais liberais, construtores, pedreiros, artistas, carpinteiros, motoristas, taxistas, catadores, diaristas e biscateiros. Todas as profissões e toda forma de trabalho que colocaram e colocam diariamente um tijolo nessa construção que depende de todos os que aqui habitam.
Nossa homenagem sincera ainda a todos os brusquenses e a todos os que escolheram nossa cidade para alçarem os vôos que imaginaram.
Aos homenageados obrigado por estarem conosco nesse “vale tranqüilo entre os montes e os rios escondido” que hoje se torna visível para toda a nação através de tudo que produzimos e também com a Fenarreco, Fenajeep e tantas festas que nossa sociedade sabe oferecer com acolhimento, alegria a todos que por aqui passam para beber na nossa fonte.
Obrigado a todos que nesses 150 anos ajudaram a construir a nossa cidade, a nossa “Brusque imortal”. Nossa gratidão por estarem incluídos “no cantar triunfal do progresso”.
O segredo é saber olhar para o retrovisor e para frente. Quando olhamos para trás, podemos ver o que foi feito, como foi construída a nossa história e nos acertos e erros podemos aprender e projetar nossa cidade para viver bem o presente e o futuro.

Parabéns Brusque! Daqui a poucas horas, 150 anos! Bela história! Bela como a história de todos os que aqui nasceram ou escolheram Brusque para viver.
“Pela voz singular dos teares” e na pluralidade de mãos e máquinas continuamos “tecendo uma história de coragem”, como diz o lema de nosso Sesquicentenário.
Salve Brusque!
Obrigado!

Valmir Coelho Ludvig - Vereador










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